Petrucci comentou também que os distratos seguem elevados, na ordem de 26% das vendas, e representam um risco considerável para o setor. “Quando digo que vamos vender 16 mil unidades, na verdade vamos vender mais de 20 mil unidades, mas os distratos estão em torno de 26%”, explicou. O economista atribuiu as rescisões de negócios ao ambiente marcado pela crise econômica, alta do desemprego, da inflação e da taxa de juros, que reduziram a capacidade dos compradores de imóveis concluírem a negociação. “Houve uma confluência de fatores que provocou a elevação dos distratos”, avaliou.
Petrucci citou que a demanda dos consumidores está concentrada nos segmentos de imóveis para famílias de rendas média e baixa, onde o déficit habitacional é maior. Nesse segmento, também há maior disponibilidade de crédito bancário para financiar a construção e a comercialização dos imóveis. Entre janeiro e julho, foram vendidas 8 mil moradias em São Paulo, dos quais 67% estão abaixo de R$ 500 mil. Já os lançamentos no mesmo período somaram 6,8 mil unidades, sendo 72% abaixo de R$ 500 mil.
Petrucci também apontou a perspectiva de queda da Selic para o patamar de 10% a 11% em 2017, abrindo espaço para melhora na captação de recursos pela caderneta de poupança e ampliação da disponibilidade de recursos para o crédito que abastece o mercado imobiliário. “Nossa visão é de que mercado imobiliário passa por inflexão e terá recuperação gradual em 2017”, disse.
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O presidente da Associação Brasileira das Entidades de Poupança e Empréstimo (Abecip), Gilberto Duarte de Abreu Filho, também palestrou no mesmo evento e compartilhou a visão de que o mercado passa por uma inflexão. “As condições de queda de juros vão voltar a fomentar o mercado de crédito imobiliário. Acredito que estamos em um momento de inflexão”, pontuou.
Duarte reiterou a projeção de que os financiamento para a produção e comercialização de imóveis no Brasil atinjam R$ 50 bilhões em 2016, uma queda considerável em relação ao montante de R$ 76 bilhões de 2015 e R$ 113 bilhões de 2014, com o mercado afetado pela crise macroeconômica. “Na recuperação, não devemos atingir o patamar que vimos durante o auge, mas certamente melhor que nesses dois anos”, completou.