Fonte: Folha Pernambuco
Em contrapartida, dois milhões de empregos serão criados para quem deseja trabalhar em campos relacionados, além da tecnologia, à engenharia, computação e matemática, por exemplo. Traçada pelo Fórum Econômico Mundial, a previsão coloca em xeque o futuro das profissões ligadas às atividades operacionais. E aqui se enquadram corretor de imóveis, operador de telemarketing, carteiro e até árbitro de futebol, só para listar algumas.
Embora no primeiro momento a ideia de extinção de uma profissão pareça surreal, se olharmos um pouco para trás, perceberemos que isso não é um fato novo. Quem hoje tem, no mínimo, 30 anos de idade, nem chegou a conhecer vários ofícios do passado, simplesmente porque eles deixaram de existir. Quer exemplo? Operador de pino. Sim, essa profissão já existiu e consistia em repor os pinos derrubados na pista de boliche.
Atualmente, isso é feito por uma máquina. E despertador humano? Já ouviu falar? Eram profissionais contratados para evitar que as pessoas perdessem a hora de ir trabalhar. Na atualidade, esse “serviço” é feito pelos despertadores dos celulares. Assim como essas, várias outras foram saíram do mercado de trabalho foram substituídas pela tecnologia.
“Estamos vivenciando a quarta revolução industrial e ela está focada em tirar do homem movimentos repetitivos. Diante do contexto atual e das mudanças cada vez mais rápidas e profundas, podemos imaginar que certas atividades profissionais deverão deixar de existir num breve espaço de tempo, algumas, em no máximo, cinco anos e outras em mais tempo”, explica o analista de atendimento individual do Sebrae, Péricles Negromonte.
Mesmo assim, há quem defenda ‘a ferro e fogo’ suas carreiras. É o caso da árbitra Ana Karina Marques. Com 14 anos de profissão, ela acredita que a tecnologia não chega para substituir a sua função, mas para auxiliar. Como exemplo, ela cita o benefício tecnológico da inserção do árbitro de vídeo, aprovado recentemente pelo International Football Association Board (Ifab).
“Essa tecnologia já está sendo utilizada como testes em alguns jogos importantes. Entretanto, não acredito que, devido a ela, a profissão entrará em extinção, pois o recurso só irá interferir em alguns momentos da partida, e não atuar como um mediador para tomada de decisões e evitar qualquer tipo de conflito durante o jogo”, destaca.
Para o presidente da Comissão Estadual de Arbitragem de Pernambuco (Ceaf-PE), Salmo Valentim, essa previsão é absurda. “No dia em que o árbitro de futebol deixar de existir, o jogador também deixará. E, ao invés deles, existirão robôs”, enfatiza.
Assim como eles, o superintendente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Pernambuco (Creci), Ângelo Pio dos Santos, não concorda com a previsão sombria de que os corretores de imóveis serão substituídos pela tecnologia. “O surgimento de cursos superiores e técnicos na área de gestão imobiliária confirmam esse pensamento.
Geralmente, quando se fala em profissões que podem deixar de existir, sempre há alguma para sucedê-la. Logo, não enxergo qual outra profissão ou ferramenta poderá substituir o trabalho dos corretores que atuam em prol da sociedade, intercedendo na concretização do sonho da casa própria”, salienta.
Santos só esqueceu de que já é possível procurar uma casa para comprar ou alugar através de sites especializados no mercado imobiliário, sem o intermédio de um corretor. Ou seja, será que a substituição tecnológica já não começou?J