Fonte: Folha Pernambuco

Você já parou para pensar que a profissão do seu filho pequeno po­­­­de ainda não ter sido criada? Ou, quem sabe, a sua pode simplesmente deixar de existir? Caso não, é bom estar atento às mudanças que vêm pela frente no mercado de trabalho, pois elas podem levar a mais de 7,1 milhões de empregos perdidos até 2020.

Em contrapartida, dois milhões de empregos serão criados pa­­­­ra quem deseja trabalhar em campos relacionados, além da tecnologia, à engenharia, computação e matemática, por exemplo. Traçada pelo Fórum Econômico Mundial, a previsão coloca em xeque o futuro das profissões ligadas às atividades operacionais. E aqui se enquadram corretor de imóveis, operador de telemarketing, carteiro e até árbitro de futebol, só para listar algumas.

Embora no primeiro momento a ideia de extinção de uma profissão pareça surreal, se olharmos um pouco para trás, perceberemos que isso não é um fato novo. Quem hoje tem, no mínimo, 30 anos de idade, nem chegou a conhecer vários ofícios do passado, simplesmente porque eles deixaram de existir. Quer exemplo? Operador de pino. Sim, essa profissão já existiu e consistia em repor os pinos derrubados na pista de boliche.

Atualmente, isso é feito por uma máquina. E despertador humano? Já ouviu falar? Eram profissionais contratados para evitar que as pessoas perdessem a hora de ir trabalhar. Na atualidade, esse “serviço” é feito pelos despertadores dos celulares. Assim como essas, várias outras foram saíram do mercado de trabalho foram substituídas pela tecnologia.

“Estamos vivenciando a quarta revolução industrial e ela está focada em tirar do homem movimentos repetitivos. Diante do contexto atual e das mudanças cada vez mais rápidas e profundas, podemos imaginar que certas atividades profissionais deverão deixar de existir num breve espaço de tempo, algumas, em no máximo, cinco anos e outras em mais tempo”, explica o analista de atendimento individual do Sebrae, Péricles Negromonte.

Mesmo assim, há quem defenda ‘a ferro e fogo’ suas carreiras. É o caso da árbitra Ana Karina Marques. Com 14 anos de profissão, ela acredita que a tecnologia não chega para substituir a sua função, mas para auxiliar. Como exemplo, ela cita o benefício tecnológico da inserção do árbitro de vídeo, aprovado recentemente pelo International Football Association Board (Ifab).

“Essa tecnologia já está sendo utilizada como testes em alguns jogos importan­­­­tes. Entretanto, não acredi­­­­to que, devido a ela, a profissão entrará em extinção, pois o recurso só irá interferir em alguns momentos da partida, e não atuar como um mediador para tomada de decisões e evitar qualquer tipo de conflito durante o jogo”, destaca.

Para o presidente da Comissão Estadual de Arbitragem de Pernambuco (Ceaf-PE), Salmo Valentim, essa previsão é absurda. “No dia em que o árbitro de futebol deixar de existir, o jogador também deixará. E, ao invés deles, existirão robôs”, enfatiza.
Assim como eles, o superintendente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Pernambuco (Creci), Ângelo Pio dos Santos, não concorda com a previsão sombria de que os corretores de imóveis serão substituídos pela tecnologia. “O surgimento de cursos superiores e técnicos na área de gestão imobiliária confirmam esse pensamento.

Geralmente, quando se fala em profissões que podem deixar de existir, sempre há alguma para sucedê-la. Logo, não enxergo qual outra profissão ou ferramenta poderá substituir o trabalho dos corretores que atuam em prol da sociedade, intercedendo na concretização do sonho da casa própria”, salienta.
Santos só esqueceu de que já é possível procurar uma casa para comprar ou alugar através de sites especializados no mercado imobiliário, sem o intermédio de um corretor. Ou seja, será que a substituição tecnológica já não começou?J