Em 15 anos, prefeitura liberou 7.240 demolições, mas isso não representa melhoria da ocupação
Todos os dias, em média, uma casa ou prédio vai ao chão em Belo Horizonte, levando abaixo, além da massa de concreto e da ferragem, um pouco da história da cidade. Nos últimos 15 anos (de 2002 até junho deste ano), a prefeitura autorizou 7.240 demolições – 1,3 a cada 24 horas. Os números poderiam aparentemente representar um desenvolvimento natural da capital, mas a maioria das edificações que surgem em substituição às antigas não garante melhorias na ocupação do espaço urbano nem na arquitetura de BH. Há situações também, apesar de raras, de imóveis tombados que foram derrubados mesmo em desacordo com a legislação municipal.
Belo Horizonte é uma cidade com uma área territorial considerada pequena para uma metrópole – são 331,4 km², conforme o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – e com escassez de terrenos. Nesse cenário, a especulação imobiliária vem pressionando para a substituição de casas por prédios cada vez mais altos. Em 2002, foram concedidas 390 licenças para demolição. Já em 2010, auge do boom imobiliário, esse número subiu para 706, uma alta de 81%.
“A especulação imobiliária é tão grande hoje que estão demolindo prédio de três andares para construir um edifício com mais pavimentos, sendo que a demolição é algo que custa caro”, aponta a chefe do Departamento de Gestão e Monitoramento da Diretoria de Patrimônio Cultural da prefeitura, Mariana Brandão. No bairro Lourdes, na esquina das ruas São Paulo e Antônio Aleixo, na região Centro-Sul, recorda Mariana, havia um “predinho” de quatro pavimentos. “Uma gracinha. Agora já estão construindo um enorme lá”, lamenta.