É fato que, ao longo de muitos anos as mulheres brasileiras vêm conquistando e, com muita competência, espaço no mercado de trabalho.

Fonte: Secovi-PR

É fato que, ao longo de muitos anos as mulheres brasileiras vêm conquistando e, com muita competência, espaço no mercado de trabalho. E, diferentemente do que acontecia há alguns anos, hoje elas ocupam áreas antes dominadas pelos homens, vistas estritamente como um universo masculino. Um dos setores em que essa maior presença pode ser observada é no ramo imobiliário. Segundo pesquisas exploratórias no segmento, elas representam 48% do número de corretores em atuação no Brasil. Ou seja, quase metade dos profissionais dessa área. A presença feminina fica mais evidente quando comparada ao ano de 1.995, época em que as mulheres representavam apenas 8,3% dos corretores de imóveis.

Exemplo dessa maior representação pode ser atribuída ao mercado imobiliário da capital mineira. Em Belo Horizonte, elas representam 30% dos 25 mil corretores atuantes em toda a Minas Gerais, um estado tradicionalmente mais conservador. Nessa estatística, entretanto, vale destacar a força das mulheres da imobiliária Sílvio Ximenes – com mais de 50 anos de fundação, a imobiliária acaba de se associar a Rede Netimóveis – e que, há 18 anos, tem à frente dos negócios três mulheres, todas no núcleo familiar, ocupando cargos de direção.

Para Cássia Ximenes, uma das diretoras da Sílvio Ximenes, “já foi a era do Clube do Bolinha”. “As mulheres saíram de trás da mesa e estão, cada vez mais, atuando à frente dos negócios tanto no segmento imobiliário como em outras áreas. O mercado aceitou a nossa presença e vem nos recebendo muito bem. Já foi o tempo do Clube do Bolinha.

Hoje, nem Bolinha nem Luluzinha”, argumenta. Otimista, a diretora deixa claro que hoje em dia as mulheres são avaliadas pela competência, e acrescenta: “não somos mais avaliadas pelo gênero, mas sim pela qualidade das informações, pela ética e maneira como lidamos com os nossos concorrentes. Nossa preocupação é em sermos competentes, e não de gênero”, finaliza.

Mas se não é por tradição, há também exemplos de quem mudou a direção de uma escolha própria. Há seis anos como administradora da imobiliária Ronaldo Starling Netimóveis, Solange Rettore, que é psicóloga de formação, deixou uma experiência de 15 anos na área para atuar no mercado imobiliário. E, embora a mudança possa soar “estranha” rumos da carreira anterior, a empresária garante que a psicologia só veio agregar à profissão atual.

“Costumo brincar que eu fui “pescada” pelo ramo imobiliário, é um mercado instigante e, assim como na psicologia é fundamental saber ouvir o cliente, estar atenta às suas reais necessidades”, justifica Solange, ocasião em que ela também destaca a maior participação da mulher, seja como profissional do setor, como a mulher que deseja comprar o seu próprio imóvel ou àquela que detém o poder de decisão na hora de concretizar a venda.

“Nos dias atuais o poder de compra e de decisão é muito mais feminino, principalmente no mercado residencial por se tratar de uma escolha que irá interferir diretamente nas questões relacionadas à família. Esse comportamento é perceptível nos fechamentos de novos negócios”, completa.

Nesse contexto, a administradora ressalta que as mulheres largam com algumas vantagens, como, por exemplo, uma visão mais sensível, abrangente e detalhista, resultando em um atendimento personalizado. “No dia a dia observo que as mulheres pesquisam o entorno do imóvel a ser mostrado, procuram saber sobre os filhos, se há supermercados e escolas próximos da residência, logo pensam na decoração e disposição do mobiliário. Tudo isso traz um lado mais humano para o cliente”, argumenta.

De psicanalista à administradora de empresas, Solange comenta que trata-se de “um casamento legal” e que os seus conhecimentos ajudam melhorar e a entender como o mercado se comporta, e em despertar essa sensibilidade nos profissionais de sua equipe, formada em sua maioria por homens.