Especialista da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação analisa elevação dos juros e redução do limite de financiamentos habitacionais

Após quatro meses do início de 2015, a Caixa Econômica Federal elevou por duas vezes os juros de financiamentos habitacionais contratados com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE), no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que financia imóveis até R$ 750 mil. Com o último aumento, os juros anuais para operações na modalidade subiram 0,3 ponto percentual.

Menos de um mês após este anúncio, a Caixa voltou a apertar as condições do crédito imobiliário. Desta vez, a medida vai atingir os contratos de financiamento de imóveis usados e exigir da maioria dos compradores uma entrada de pelo menos metade do valor do imóvel. De acordo com especialista da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), o governo vem aumentado as taxas de juros a fim de tentar diminuir o consumo.

Com o reajuste, os juros sobem de 9,15% para 9,45% ao ano para quem não tem conta na Caixa. Para os correntistas, as taxas sobem de 9% para 9,3% ao ano. No caso daqueles que recebem o salário pelo banco, servidores que também são correntistas e servidores que recebem salário pela Caixa, os juros passam de 8,7% para 9%. Segundo o banco, as taxas valem para operações contratadas desde o dia 13 de abril de 2015.

Relativo a imóveis usados, com a mudança, a compra pelo Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) — para imóveis avaliados em mais de R$ 750 mil — exigirá que o mutuário pague, à vista, 60% do valor. Antes, a Caixa exigia uma entrada de apenas 30%. Além disso, as compras pelo SFH — para imóveis de até R$ 750 mil — precisarão de uma entrada de 50% do valor. Antes, a exigência era de apenas 20%. As mudanças valerão para os contratos que seguem o Sistema de Amortização Constante (SAC), em que a prestação vai caindo ao longo do tempo.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Lúcio Delfino, com essas mudanças, a política do governo em dizer que se preocupa com o setor de habitação cai por terra. “Hoje, somente as pessoas que se enquadram no Programa Minha Casa Minha Vida não foram prejudicadas. A família que tem renda maior que R$ 5 mil sofrerá com a alta dos juros e terá que dispor um valor maior para fazer o financiamento. Por exemplo: quem estava comprando um imóvel de R$ 500 mil teria de dar apenas R$ 100 mil (20%) de entrada e financiar o restante (80%). Com essa alteração, o futuro mutuário terá de dar R$ 250 mil (50%) de entrada e financiar o restante (50%)”, afirma.

Com o aumento na entrada do financiamento e com a elevação de juros, a recomendação de Lúcio Delfino, é que o mutuário tenha cautela, já que hoje ele pode financiar seu imóvel por até 420 meses, ou seja, 35 anos. “Durante esse período, ele pode passar por desemprego, problemas de saúde e o descontrole da economia no país, como está acontecendo hoje. Com isso, pode ser prejudicado, pois, além de pagar os juros, existe a possibilidade do amento da TR que também está vinculada ao financiamento”, explica.