Fonte: The Wall Street Journal

O gigante Airbnb Inc. está tentando conquistar proprietários de apartamentos com um programa que dá a eles uma receita extra caso permitam que os inquilinos aluguem seus imóveis no site.

O Airbnb anunciou no mês passado um programa que permite que os proprietários de apartamentos nos Estados Unidos fiquem com parte da receita de clientes do Airbnb que se hospedem em seus imóveis. O programa tem o potencial de adicionar milhões de unidades ao inventário de imóveis para a locação de curto prazo do Airbnb.

Até agora, porém, o programa está tendo pouca aceitação, já que os donos de imóveis continuam com receio de processos legais, dificuldades regulatórias e vizinhos irritados.

“Não estou vendo [o programa] ganhando muita força”, diz Margette Hepfner, diretora sênior de serviços ao cliente da Lincoln Property Co., que administra ou é proprietária de 175 mil apartamentos nos EUA.

Hepfner diz que o Airbnb tem tentado resolver muitas de suas maiores preocupações, mas acrescentou que “simplesmente há um risco inerente em permitir que clientes desconhecidos venham à sua propriedade”.

O Airbnb, criado em 2008, tem tido enorme sucesso ajudando viajantes a encontrar hospedagem de curto prazo em imóveis particulares. O número de pessoas que usam o site anualmente para alugar imóveis subiu de 21 mil em 2009 para 100 milhões este ano, segundo a empresa. Após a última rodada de captação de recursos, o valor de mercado do Airbnb, que tem seu capital fechado, alcançou US$ 30 bilhões.

Mas atrair diretamente os corações dos proprietários de apartamentos é essencial para o crescimento futuro do Airbnb. Isso porque uma grande parte do estoque habitacional nas cidades mais populares entre os viajantes são apartamentos e o padrão dos contratos de apartamentos alugados proíbe os inquilinos de sublocar os imóveis sem a permissão do proprietário. Isso limita o número de pessoas oferecendo hospedagem nos locais mais desejados pelos viajantes.

Até agora, o Airbnb tem tido pouco sucesso em conquistar grandes proprietários. Edifícios que contêm apenas cerca de mil unidades se inscreveram no programa, uma quantidade infinitesimal em relação aos 26,5 milhões de apartamentos disponíveis nos EUA.

Muitos proprietários de edifícios não querem cooperar com o Airbnb para não se exporem ao risco de processos judiciais, problemas com reguladores municipais e aborrecimentos com outros residentes que não querem transeuntes em seus edifícios. Relatos de festas e danos materiais em algumas propriedades do Airbnb alimentaram essa preocupação. O Estado de Nova York, por exemplo, aprovou em junho uma nova lei que ainda aguarda a assinatura do governador, impondo uma multa de US$ 7.500 a usuários que anunciem locações ilegais de curto prazo no Airbnb. O Estado proíbe a locação de qualquer casa por menos de 30 dias.

Além desse risco, a recompensa é considerada pequena. O Friedly Building Program, o novo plano do Airbnb para que os proprietários permitam a seus inquilinos alugar as unidades no site, dá aos donos de imóveis a oportunidade de ficar com uma participação sugerida entre 5% a 15% das diárias. Mas para uma diária de US$ 200, isso significa que o proprietário ganharia US$ 30 ou menos, uma quantia que muitos dizem não justificar o aborrecimento.

Para alguns analistas, no entanto, os proprietários que preferirem não participar do programa têm algo a perder, dada a ameaça que a empresa representa para o status quo.

“É um comportamento que os seus inquilinos terão queiram eles ou não, independentemente do que eles decidam”, diz Dave Bragg, analista da consultoria Green Street Advisors. “Pode demorar um pouco, mas acho que [o programa] vai se provar muito favorável tanto para o Airbnb quanto para os donos de apartamentos.”