Fonte: Repórter Diário

Após registrar queda contínua desde 2014, o setor imobiliário da região volta a apresentar leve reação, segundo informou, em entrevista ao RDtv, o presidente da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), Marcus Santaguita. Para fortalecer mais os profissionais do segmento, a entidade realizará, nesta quinta-feira (27), das 8h às 17h, na Fundação Santo André, a quinta edição do Congresso Construindo o Grande ABC, que reúne empresários e líderes do setor.

Ainda segundo Santaguita, a Acigabc fará levantamento do segmento na região para ser apresentado no início de 2017. “O setor já possui mais confiança, aumentou o número de pessoas interessadas em comprar imóveis”, diz.

No primeiro semestre deste ano, a Acigabc divulgou pesquisa que aponta queda na comercialização de imóveis nas cidades da região. O estudo mostrou redução de 51,6% nas vendas de novos apartamentos, em comparação ao mesmo período do ano passado. Foram comercializadas 1.440 unidades na região, só Santo André é responsável por 593, que representa 41,2% do total.

As vagas para participar do congresso Construindo o Grande ABC são limitadas, sendo que as inscrições podem ser realizadas através do site: www.acigabc.com.br/construindoograndeabc.

Confira a entrevista na íntegra:

RD: Com está o mercado imobiliário na região?

Santaguita: Estamos com a expectativa de melhora do mercado a partir de 2017 . Vamos virar a página ruim do mercado e olhar pra frente. No congresso imobiliário, montamos uma grade direcionada para construtores, imobiliárias e corretores de imóveis. Há perspectivas de novos lançamentos. E o mercado terá uma retomada em um tempo curto, essa é a expectativa. As notícias da macro economia são boas, existe recuo leve da inflação. Houve se falar em queda de juros, mas o nosso mercado andar a todo vapor, a taxa Selic tem que estar de 12% pra baixo. Projeto a taxa em 11% até o final do ano que vem. Por outra lado, quando compramos terrenos para lançamentos imobiliários, leva cinco anos para maturar o empreendimento e retornar o investimento. E no último balanço que divulgamos, os números foram péssimos.

RD: Como vai ser o evento?

Santaguita: Este ano vai ser na Fundação Santo André. Parte com a participação de estudantes. Vamos premiar os melhores trabalhos de TCC por uma equipe da Acigabc. A ideia é aproximar os estudantes de engenharia dos empresários. É uma novidade, vai acontecer pela primeira vez este ano. Teremos a presença do superintendente regional da Caixa Econômica Federal, que trará notícias sobre crédito imobiliário e liberação de recursos. Outro convidado é do Rodrigo Garcia, secretário de Habitação do Estado de São Paulo, que vai atualizar como estão os programas como Minha Casa Minha Vida, Minha Casa Paulista e quais são ações para o primeiro imóvel as pessoas de baixa renda. Finalmente, teremos palestras motivacionais para área de vendas.

RD: Como o senhor explica a queda de 50% nos lançamentos no último ano?

Santaguita: Em 2015 caiu aproximadamente 50%. Na verdade o mercado vem sofrendo queda desde 2014, no segundo semestre, até por conta da Copa do Mundo, da eleição do segundo turno que foi bem acirrada. E o que acontece? A maioria dos empresários sentia uma falta de confiança no governo federal anterior, sentia que não tinha governabilidade, estava todo mundo muito preocupado com os rumos. O pessoal preferiu segurar um pouquinho e por isso que teve essa retenção do número de lançamentos. Confiança é a palavra chave. O empresário não estava muito disposto a se arriscar, investir o recurso, até porque no cenário da taxa de juros Selic em 14,25% compensa mais ser rentista, que nem diz um ex-ministro, compensa você aplicar no mercado financeiro, você tem mais retorno sem correr o risco.

RD: O senhor falou da retomada da confiança. Na prática, é retomada ou apenas perspectiva?

Santaguita: É real. Isso começa na procura por áreas. Estava tendo muita oferta de área e poucos interessados. Hoje já percebemos as empresas prospectando áreas, escritórios de arquitetura selecionados para fazer estudos de projetos, percebemos vários estudos de viabilidade em andamento. Então essa movimentação toda já denota que o empresário já está com humor um pouco melhor e a intenção um pouco maior de investir.

RD: Qual é a importância do mercado imobiliário para da economia como um todo e geração de empregos?

Santaguita: No primeiro momento vão retornar os lançamentos, passado isso, começam as obras, seis meses depois e a partir daí que efetivamente retoma o emprego. A projeção é a retomada do emprego será no segundo semestre de 2017. Pra você ter uma ideia do tamanho do setor, geramos 40 mil empregos diretos na construção civil. Na área de corretores de imóveis, temos 60 mil corretores cadastrados no CRECI, isso só na região do ABC. Então são 40 mil trabalhadores diretos, isso se colocarmos na cadeia indireta se multiplica por cinco. Temos o cadastro de 60 mil corretores de imóveis. Ano passado fechamos 3 mil vagas aqui na região na parte de construção civil.

RD: Nenhum empresário fica feliz em demitir?

Santaguita: Exatamente, e a cada emprego que você fecha é um consumidor a menos, menos dinheiro na economia. É um círculo vicioso.

RD: O senhor assumiu este ano a Acigabc, comandada por muitos anos pelo empresário Milton Bigucci. Na posse, o senhor disse que queria trazer empresas de pequenos e médios portes. O senhor conseguiu?

Santaguita: Tínhamos dois paradigmas para quebrar. O primeiro deles é com a nossa sede física em São Bernardo. As pessoas associavam que era uma associação de São Bernardo. O que fizemos? Criamos três vice-presidências: uma em São Bernardo e Diadema; uma para Santo André e Mauá; e outra para São Caetano, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Qual o objetivo? Aproximar e fazer as empresas entenderem que não é uma entidade de São Bernardo. Já fizemos reuniões fora da sede física em São Caetano, com cerca de 50 construtoras e outra em Santo André. A Acigabc começou em 88 em São Bernardo e com o tempo se associou ao Secovi (Sindicato da Habitação) e passou a abranger as sete cidades e isso precisa reverberar no mercado. Outro aspecto é que nossas reuniões eram feitas com todos os segmentos. O que fizemos? Separamos em três diretorias cada um com seu tema. A primeira com construtoras e incorporadoras, a segunda composta de imobiliárias. E a terceira com administradoras. Então quando a pessoa vai para a reunião já sabe o tema que vai ser tratado. Estamos sentindo uma movimentação muito grande principalmente na área de imobiliárias.

RD: Qual a vantagem de uma empresa ser associada?

Santaguita: A primeira é o networking, poder sentar com outros empresários, maiores e menores que você, trocar ideia. Às vezes você está passando por um problema que teu colega já passou, de cara acho que isso é o principal, e seguido é a união. Tudo aquilo que você faz com várias empresas juntas é diferente de uma empresa sozinha ir lá brigar com o poder público. A união faz a força, como diz o nosso slogan “Juntos somos mais fortes” que representa mais representatividade. Outro fator é espaço para treinamento, qualificação de síndicos, fazemos muitos debates técnicos para o pessoal de engenharia, e a divulgação de mudanças na legislação de normas para o setor.

RD: Como os interessados podem participar do congresso?

Santaguita: Será na Fundação Santo André, nesta quinta-feira (27/10), das 9h às 17h. A programação completa está em nosso site www.acigabc.com.br. Todo mundo que atua no mercado imobiliário, estudante, corretor de imóveis, administradores de condomínio, todo mundo que tem uma ligação com o setor está convidado. Será cobrada uma taxa simbólica pra entrar. O evento é subsidiado pela entidade.

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Presidente da Acigabc, Marcus Santaguita, concede entrevista ao RDtv (Foto: Caíque Alencar)