Mutuários relatam que tiveram o financiamento aprovado, mas na hora de fechar o negócio o banco se recusou a liberar o dinheiro
Quem comprou, comprou. Porque acabou o crédito para o financiamento da casa própria este ano na Caixa Econômica Federal. Muitos mutuários tiveram o financiamento aprovado, pagaram a entrada do próprio bolso. E agora o dinheiro não sai e eles podem perder o negócio.
É o que diz a Caixa, que já gastou todo o orçamento do ano para uma das modalidades de crédito. A Caixa pegou a papelada, analisou os documentos de pessoas que foram buscar financiamento e autorizou o crédito. Depois de tudo isso, não liberou o dinheiro. Desilusão para muitos.
Thaís encontrou a casa dos sonhos. Procurou a Caixa Econômica, em novembro, e pediu financiamento. Ouviu que estava tudo certo, que era só levar os documentos exigidos. Aí, ela e o marido deram uma entrada de R$ 60 mil para garantir o imóvel. Mas, de lá para cá, o banco só pede para que esperem um pouco mais. Mais uma semana. E a informação é…
“Que não tem verba. Que o governo não liberou verba. Eu tive uma aprovação da Caixa e não recebi. A gente está bem frustrada. O primeiro ok da Caixa trouxe para a gente uma alegria e foi embora rapidinho”, diz a gerente de Controladoria Thaís Soares.
Tatiana e o noivo também fizeram o pedido de crédito no fim do ano. A Caixa aprovou a documentação e o financiamento, mas já marcou quatro datas diferentes para assinatura do contrato e até agora, nada.
“É um sonho que está indo por água abaixo. É a aquisição do nosso primeiro imóvel. Mediante essa aprovação, a gente programou as férias tudo certinho para o casamento que está previsto aí para o final do ano, mas acredito que a gente não vai conseguir oficializar isso. Até agora a gente não tem parecer nenhum da Caixa”, explica a administradora de empresas Tatiana da Silva Garcia.
Nos dois casos, o empréstimo é na linha de crédito pró-cotista, que usa dinheiro do FGTS para financiar imóveis de até R$ 750 mil. Só pode se candidatar quem comprova que trabalha ou trabalhou pelo menos três anos, com carteira assinada, estar com contrato de trabalho ativo ou tem saldo na conta do FGTS com, no mínimo 10% do valor do imóvel.
Nos dois casos mostrados, os candidatos cumpriam as exigências, tiveram o financiamento aprovado, mas não entenderam por que o dinheiro ainda não saiu. Eles não são os únicos a enfrentar o problema.
A Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação diz que só no mês passado recebeu, em média, 20 reclamações por dia de pessoas na mesma situação.
A Caixa Econômica informou que não está liberando mais empréstimos nessa linha de financiamento porque já usou, nos primeiros meses do ano, todo o orçamento que estava previsto para 2016: R$ 700 milhões. Isso é o equivalente a apenas 12% do valor que a Caixa emprestou, ano passado, no pró-cotista.
O banco informou que pediu mais dinheiro para o Ministério das Cidades para reabrir os financiamentos e aguarda uma decisão do Conselho Curador do FGTS, que pode sair ainda esta semana. Em nota, informou que todas as operações aprovadas pelo banco serão honradas.
O representante da Associação Brasileira dos Mutuários diz que a Caixa não podia ter aprovado um crédito sem a garantia dos recursos. “Você analisar, criar uma expectativa, liberar o crédito e não pagar o mutuário, a carta de crédito do mutuário, isso é um absurdo, é uma desorganização absurda. Alguém tem que pagar por isso, porque eu não posso avaliar e emprestar o dinheiro que eu não tenho”, diz Geraldo Tardin, da ABMH – DF.
O Ministério das Cidades disse que vai apresentar ao Conselho Curador do FGTS o pedido de mais recursos para o pró-cotista numa reunião que está marcada para sexta-feira (26), em Brasília. Mas não informou qual o valor que pode ser liberado.
Assista aqui matéria que foi veiculada no Bom Dia Brasil.