O FGTS é muito importante para o trabalhador dentro das possibilidades que a lei autoriza para sua movimentação. Talvez a mais conhecida seja o uso para aquisição da casa própria, alternativa que ainda pode gerar dúvidas quando o assunto é: devo deixar o dinheiro na conta para render juros a longo prazo e sacá-lo na aposentadoria? Antes de tomar essa decisão, é preciso colocar as contas na ponta do lápis. O resultado é uma amarga surpresa.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Vinícius Costa, o FGTS rende anualmente 3% para o trabalhador se ficar na conta. Para se ter uma ideia do quão baixo é isso, no ano de 2018 rendeu menos que a inflação, que alcançou o patamar de 3,75% no ano. “Partindo do pressuposto de que esse montante é um valor imobilizado, porque somente em casos específicos é possível sacar o dinheiro do fundo, vale a pena mensurar se investir todo esse dinheiro na aquisição de um imóvel – que representa imobilização de capital – é um negócio interessante.”

A reposta vem do próprio presidente da ABMH. Segundo ele, financeiramente falando, é interessante utilizar o saldo da conta, pois deixá-lo no banco resulta em muito pouco rendimento. “A poupança, que também é um investimento de retorno muito baixo, rende anualmente o dobro, ou seja, 6% ao ano. Quando o FGTS passa a ser investido em um imóvel, o comprador deve analisar se esse recurso tem potencial de lhe render um investimento melhor, seja para moradia, seja para locação”, explica Vinícius Costa.

Adquirir um imóvel para uso próprio apresenta a possibilidade de venda futura da unidade, o que acaba se tornando um meio mais fácil de movimentação do capital que as autorizadas por lei para saque do FGTS. Isso sem contar que a valorização da unidade pode também, em curto, médio ou até mesmo a longo prazo, ser muito mais interessante que o rendimento do FGTS. “Então, em um primeiro momento, o mutuário realiza o sonho da casa própria, e, em um segundo momento, na eventualidade de ter de vender a unidade, poderá considerar esse investimento mais rentável que a manutenção do dinheiro do FGTS na conta própria”, analisa o presidente da ABMH.

Há, ainda, a possibilidade dessa unidade adquirida com o FGTS ser alugada para terceiros. Essa locação pode representar mensalmente uma remuneração superior à paga para o saldo da conta, o que torna o negócio também muito mais interessante.

Mesmo com essas possibilidades, Vinícius Costa lembra que, ao utilizar o fundo para aquisição da casa própria, é gasto o dinheiro que poderia ser sacado quando da aposentadoria, momento em que os recursos poderiam ser de crucial importância. “Portanto, antes de pensar em utilizar o fundo, programe uma nova reserva pessoal ou contrate previdência própria com essa finalidade para não ficar sem qualquer recurso quando da aposentadoria.”