O eterno dilema entre alugar e comprar um imóvel vivido pelos brasileiros ainda está longe de ser superado. Para os que defendem a ideia de que a aquisição é o melhor negócio, alugar nada mais é do que jogar dinheiro fora. Já para os que acham que o aluguel é o melhor negócio, adquirir um imóvel não seria o melhor investimento disponível no mercado.
De geração em geração, a ideia de que adquirir a casa própria para residir com sua família é difundida na sociedade brasileira. Porém, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Vinícius Costa, ainda não há a cultura de poupar para comprar à vista, o que leva a recorrer a financiamentos habitacionais. “Esses financiamentos costumam comprometer a renda do mutuário por período que varia de 10 anos a 40 anos, implicando inclusive em pagamento de juros para os bancos”, diz.
No caso da aquisição, além de se preocupar com o pagamento mensal, também será de responsabilidade do mutuário o pagamento das despesas do próprio imóvel e a manutenção da integridade desse bem. “Mas veja que não há somente ponto negativo na aquisição de imóveis, pois é sempre bom lembrar que ao final do financiamento o bem passará a integrar o patrimônio da família e, certamente, não sofrerá uma depreciação de valor tão grande, uma vez que não é um investimento de alto risco de variação de valor”, conta Vinícius Costa.
Por outro lado, a locação tem como ponto negativo o pagamento mensal que não se reverterá em propriedade futura. Além disso, pode haver uma certa instabilidade do negócio considerando que o proprietário do imóvel poderá pedir a desocupação para ocupá-lo para uso próprio, vendê-lo ou alugá-lo a terceiros. “Há, ainda, o inconveniente das mudanças, que podem ser constantes, dependendo dos contratos e das situações que se surgirem na locação”, observa o presidente da ABMH.
Mesmo com esses aspectos, alugar um imóvel pode, sim, ser um bom negócio, financeiramente falando. De acordo com Vinícius Costa, se houver uma boa educação financeira, a família poderá poupar parte da renda para uma futura aquisição de um imóvel à vista ou até mesmo investir um dinheiro que já existe em outros negócios com maior rentabilidade. “Além disso, a responsabilidade pela manutenção do imóvel locado é do proprietário quando se tratar de questões necessárias ao exercício de sua posse nas condições prometidas inicialmente.”
Conforme Vinícius Costa, por se tratar de uma questão muito pessoal, não há como dizer qual negócio será mais interessante do ponto de vista econômico. “Oportunidades existem e devem ser analisadas sempre a médio e longo prazos para quem busca construir um patrimônio, seja ele em forma de bem imobilizado (imóvel) seja ele em forma de capital de livre circulação (dinheiro). O importante é que sempre antes de se fazer qualquer operação, seja estudado bem o negócio, se compreenda seus riscos e se evite ao máximo sua rescisão prematura para não transformar o negócio em problema.”