Muitas pessoas veem na locação de imóveis uma excelente oportunidade para se ter renda, seja ela principal ou extra. Mas o negócio, de fato, é atrativo?

Normalmente, quem compra um imóvel para revender busca alternativas mais baratas a pagar o valor real de venda do imóvel. De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Vinícius Costa, essa alternativa implica em investimentos mais acessíveis de início. “Isso, geralmente, ocorre com imóveis arrematados em leilão, que por terem preços bem mais atraentes, chamam a atenção de investidores novos e já atuantes neste mercado.”

Há, contudo, outras pessoas que veem a locação de imóveis como uma fonte de renda extra ou, até mesmo, a um meio para se sustentar. Neste caso, Vinícius Costa faz um alerta. “Esse tipo de negócio deve ser visto com bastante cautela e ser bem programado”, recomenda.

O primeiro ponto a ser observado é a forma de aquisição do bem que servirá para locação. “Se for feito com recursos próprios, é necessário um estudo para verificar o tempo de retorno do capital que será disponibilizado e se a locação é mais vantajosa que um investimento de renda, por exemplo. Por outro lado, se a aquisição se der por financiamento, deve-se analisar se a locação será ao menos suficiente para cobrir os custos fixos do imóvel, como prestação do financiamento, condomínio e IPTU, por exemplo”, aponta.

Adquirido o bem, vem a parte burocrática. Muitas pessoas acreditam que a administração de uma locação é coisa simples e optam por dispensar uma imobiliária. “Caso você tenha conhecimento técnico no assunto, talvez possa ser mais simples, mas não te livra de eventuais problemas, que podem ser evitados ou minimizados por contrato bem feito, garantido e uma boa administração da locação. Contratos feitos sem conhecimento legal, sem cláusulas protetivas, podem ser um grande problema para o locador”, adverte Vinícius Costa.

Mas quem pretende viver de aluguel ou ter uma renda extra deve ter em mente que se espera sempre que o contrato seja cumprido, ou seja, a locação e os demais encargos sejam pagos pelo locatário, conforme o presidente da ABMH. “Contudo, é muito comum a inadimplência e a dificuldade de desocupação do imóvel.”

Uma vez desocupado, o imóvel deve ser vistoriado. “Se a relação com o inquilino for boa, a desocupação e reparo do imóvel tende a ser tranquila. Se terminar de forma conturbada, o proprietário poderá ter de arcar com o custo de uma obra para colocar o imóvel novamente em condições de locação, e isso quer dizer, na prática, mais um gasto.”

Com isso, Vinícius Costa não quer dizer que a locação seja um mau negócio, muito pelo contrário, mas tem que se deixar claro que não é uma transação simples. “Apertar o orçamento familiar para aquisição de um imóvel para locação ou fazer contratos sem conhecimento técnico é que não se aconselha em hipótese alguma. Para quem tem interesse em entrar nesse ramo de investimento, deve ter em mente que, assim como qualquer outro, você precisa ter conhecimento da área e estar apto a absorver prejuízos.”