A Caixa Econômica Federal anunciou, no início deste mês de novembro, a redução da taxa de juros para os financiamentos imobiliários. No caso do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), os juros encolheram de 12,50% para 12,25% ao ano. Já no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), a redução foi de 11,22% para 10,97% ao ano, tomando-se por base a chamada taxa balcão, aplicada quando o mutuário não possui vínculo com a instituição financeira – conta salário, pagamento via débito em conta, entre outros.

A diferença entre um e outro sistema é que o SFH financia imóveis de até R$ 750 mil no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, e R$ 650 mil em outros estados. Os imóveis residenciais acima dos limites do SFH são enquadrados no SFI. Além disso, a Caixa aumentou o percentual de financiamento de imóveis usados, para até 70% do valor de sua avaliação (até então o percentual máximo era de 50%) e reabriu o crédito para o financiamento do segundo imóvel.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Mutuários da Habitação (ABMH), Lúcio Delfino, a entidade vê com bons olhos o esforço da Caixa. “Além de ser o banco que mais concede crédito imobiliário no país, a Caixa tem um grande histórico de atuação na área habitacional e, via de regra, as menores taxas de juros do mercado”, diz.

Para ele, aumentar o percentual de financiamento de imóveis usados significa uma ponta de esperança num mercado imobiliário cada vez mais achatado. “A medida pode melhorar a liquidez das unidades usadas e suspender a queda real dos preços, fenômeno que vem sendo observado desde 2015, com o reajuste do preço do metro quadrado abaixo da inflação”, analisa Lúcio Delfino.

Entretanto, embora as medidas sejam positivas para o mercado imobiliário, praticamente não terão efeito para reduzir o déficit habitacional brasileiro, já que o público-alvo possui um poder aquisitivo maior. “São pessoas que, em geral, já possuem casa própria e pretendem fazer um upgrade ou adquirir um segundo imóvel”, observa o presidente da ABMH.

Conforme o advogado, as melhores linhas de crédito imobiliário continuam a ser as do programa Minha Casa Minha Vida e, em segundo lugar, do pró-cotista, direcionadas para imóveis novos ou de menor valor. “Tratam-se de financiamentos cujas taxas de juros são menores, o que impacta diretamente no valor das prestações. Na linha pró-cotista, por exemplo, os juros variam de 6,5% a 8,66% ao ano (taxa balcão), os recursos são originários do FGTS, o comprador não pode ser proprietário de outra unidade e precisa trabalhar com carteira assinada há pelo menos três anos (consecutivos ou não).”

Em todos os casos, vale o ditado “é melhor prevenir que remediar”. Por isso, antes finalizar a compra de um imóvel e optar por uma ou outra linha de crédito, consulte um especialista. “Além dos cuidados com o financiamento, o comprador precisa verificar a documentação do imóvel e dos vendedores, qualquer transação imobiliária envolve detalhes jurídicos que precisam ser analisados antes de assinar o contrato, evitando que o sonho se transforme num pesadelo. A ABMH presta consultoria gratuita aos interessados”, finaliza Lúcio Delfino.